Postado em 8 de abril de 2020 às 09:19
Com sede no sul do Brasil, Reverse Vibrational Intelligence (IVR), um grupo de pesquisa do Conselho Nacional de Pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina, tem usado uma versão pedagógica do sociodrama para psicoterapia em comunidades vulneráveis e em áreas de risco, bem como com profissionais que utilizam proteção direta e defesa civil com diagnóstico de transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). O sociodrama é uma extensão do psicodrama e envolve um grupo de indivíduos desempenhando papéis atribuídos a fim de explorar e resolver conflitos e questões inerentes aos papéis sociais.
Antônia Benedita Teixeira, psicodramatista socioeducativa, diretora de teatro e integrante do IVR, relata estudo realizado em 2018/19.
A preocupação das instituições públicas costuma ser com o atendimento das populações que sofrem os efeitos de situações extremas, mas os profissionais que atendem às populações em contextos extremos - principalmente proteção, defesa civil, saúde e educação - podem ser esquecidos.
Para tanto, por meio de uma atividade de extensão universitária e em caráter experimental, foram realizadas sessões sociodramáticas com dois públicos-alvo - a Comunidade da Serrinha no entorno da Universidade Federal de Santa Catarina e com os 18 gestores da Secretaria de Estado da Proteção e Defesa Civil do Estado de Santa Catarina.
Os resultados alcançados foram significativos em termos de mudança terapêutica dos referidos públicos-alvo tanto na partilha dos resultados das atividades como na verificação do teste sociométrico realizado antes e após os sociodramas.
No âmbito da psicoterapia psicodramática, a socionomia, que é a teoria que fundamenta o processo pedagógico utilizado, centra-se em três grandes áreas: a sociodinâmica (desenvolvimento e relações de diferentes papéis pessoais e profissionais); sociometria (medindo diferentes tipos de relações, antes e depois da realização de sociodramas; e, finalmente, sociodrama (processo terapêutico) que usa a metodologia do sociodrama para tratar curas em grupo de uma perspectiva humanitária e global.
A socionomia foi desenvolvida pelo médico Jacob Levy Moreno como a cura para a humanidade por meio da socioterapia de grupo. O conceito é, portanto, contrário ao atendimento elitista de consultório, onde a relação terapeuta-paciente tem pouco impacto social.
O objetivo final dos sociodramas, além de alterar os diferentes níveis de estresse de indivíduos e grupos, é promover a cura planetária a partir do resgate da espontaneidade tanto para o processo de criação de novas respostas às questões existenciais, quanto para estimular os indivíduos a atuarem. o momento em que são pegos de surpresa e não sabem como agir, seja por falta de planejamento, bloqueando a espontaneidade ou por conhecimento ou orientação inadequada em um contexto de notícias falsas.
A partir dos resultados alcançados, é possível vislumbrar a possibilidade do sociodrama como metodologia de fácil aplicação e replicação para a resolução de dramas humanos em contextos extremos, inclusive em relação às dificuldades psicológicas e síndromes psiquiátricas decorrentes dos isolamentos do Covid-19 pandemia.
Fonte: Dr. Harrysson Luiz Da Silva, Professor Associado I do Departamento de Geociências e Professor do Curso de Mestrado Profissional em Desastres Naturais da Universidade Federal de Santa Catarina.
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